terça-feira, 14 de março de 2006

"JA"

Ja chegou, já conheci
Japonesa capenga que fala javanês
Manjar dos deuses
Pudera já ter provado
Não poderia ser tão fácil
Quanto apanhar jabuticaba

Chegar à você é plantar em jacobina
Jacarandá-do-Amapá
Agora que te vi, pela roupa te senti
Já não há como desfazer
Desde já fique sabendo
Se já não souber

Olhos de jaguar
Jaborandi para a alma
Jamais vi mais preciosa
Estátua de jade
Jarro de jasmim, és meu jardim

Javé, me tire dessa jaula!
E me ponha adjacente à ela

Já não me esqueço, anda com jagunço...

Por que não me espera na janela?!
Não sou jarana
Chego de jangada
Trazendo uma jaqueta
E te levo p’ra Jamaica
P’ra conhecer Jah

Jazzista, improvisa
Nasceu em julho, não em janeiro
Já me falta coragem p’ra escrever teu nome
Mas o JA já deveria te encabular
Já não havendo chance
Se isso já não te fez chorar
Regozija ao ler sobre mim
Aqui jaz...



Alexandre Avelar

sábado, 11 de março de 2006

Selenita

Só saio de noite para ver a Lua
Lua, ilumina minha rua escura
Com sua luz que não é sua

Admiro a beleza da Lua porque brilha, mas não ofusca
De dia a Lua se esconde em alguma Ana
E então volta como quem ama

Toda noite eu espero Lua cheia
Quero enxergá-la inteira
Sem nenhuma nuvem negra, Lua
Quero vê-la toda nua

Quando te vir, vou te agarrar
E minha noite não terá fim
Toda satisfação a que eu poderia chegar
Com minha Lua, nua, deitada sobre mim

Mas a luz da manhã teimará em aparecer
E não haverá nada que eu possa fazer
Vocês são ligados pela própria natureza
À noite alegria, de dia tristeza.



Alexandre Avelar

segunda-feira, 6 de março de 2006

O Eclipse

"Demorou mas aconteceu
O eclipse lunar finalmente sucedeu
O raio-x do meio peito não filtrou nada
Só a realidade chegou à minha vista

Tudo está tão claro que eu quero me esconder
Num lugar onde as mentiras não possam aparecer
E se aparecerem, que não façam estardalhaço
E voltem direto p'ros seus buracos

A distância cura as dores que pertencem ao tempo
O silêncio não aumenta a distância

Um bravo mundo novo está de portas abertas
Tanto quanto estiveram suas pernas
Mas de que adianta
Se você não estava aberta à uma nova vida...comigo

A semente que veio com os ventos do leste germinou
Mas o que cresce é uma planta ou um tumor?
Seja o que for, traçou seu destino
Não interessa se é menina ou menino
Seja o que for, não está em meu caminho
Sem ódio, rancor, preocupação ou carinho

A distância fez o silêncio
O silêncio fez o esquecimento
O eclipse lunar finalmente sucedeu
Demorou mas aconteceu"


Alexandre Avelar

sábado, 4 de março de 2006

(Ainda sem título)

"Faço parte, mas estou do lado de fora
Nunca serei o principal
Sou indispensável no que menos importa
Sou o paralelo mas meu universo é transversal

Não sou verme, não sou gente
Não faço idéia do que tenho em mente
Entro pelos fundos, mas saio pela frente
Estou sadio, estou doente

Faço arte, mas não posso agora
Ou minha avó vai me castigar
Sigo em reta, mas a história dá voltas
E descobri que a tangente é meu lugar

Não sou verme, não sou gente
Não faço idéia do que tenho em mente
Entro pelos fundos, mas saio pela frente
Estou triste, estou contente."


Alexandre Avelar